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Ciclo viagem - SP/PR/SC

Para tudo na vida é necessário o primeiro passo. Por ser a primeira viagem sozinha de bike, optei por dividir o trajeto em ônibus, bike e pousadas e hostel como hospedagem. Saiu um pouco mais caro do que se tivesse levado minha barraca e a comida mas, foi um aprendizado, começar a conhecer a estrada para assim, fazer uma cicloviagem totalmente roots.


Primeiro e Segundo dia


Confesso que assim que entrei no ônibus para Cananeia, onde começaria minha viagem, estava com o pensamento de desistir: "O que eu estou fazendo aqui; isso é loucura; uma pessoa sozinha." Mas, já estava embarcada e sabia que caso algo desse errado eu poderia desistir e voltar para São Paulo e sabia que não seria julgada por isso. Cheguei em Cananeia por volta das 19:30, o motorista me indicou onde ficava a rua do hostel que iria passar a noite, então lá fui eu, não tinha testado o alforje com a bike, a rua toda de paralelepípedo mas, fui... Não cai, consegui fazer o trajeto com o peso na bike, bom sinal rsrs.

O hostel é aconchegante, o dono, Jonas é de uma simpatia, assim como sua companheira. Pela manhã, ele me deu algumas dicas de como eu faria para pegar o barco para Maruja(Ilha do Cardoso), me despedi e segui. Chegando no porto, descobri que a travessia pela Dersa só sairia as 13:00, atrasando muito minha chegada em Maruja, o que me restou foi ir atrás de algum barco particular que fizesse o trajeto. Encontrei um rapaz soltando a corda de um barco e perguntei quanto que era para fazer a travessia, (estava dentro do orçamento, vamos lá :)) . Ele estava levando dois casais para a ilha, um alemão e o outro de São Paulo, fizemos algumas paradas para ver golfinhos e uma trilha até uma cachoeira já na Ilha do Cardoso. Chegamos por volta das 13:00 na ilha, me informaram que a maré estava alta, não sendo possível seguir para Superagui.... Então, parada para almoço com um peixinho frito, arroz, feijão e um pirão de caldo de peixe divino. Ao contrário de Cananeia, a Ilha do Cardoso não possui energia, tudo é a base de gerador, as poucas pousadas e restaurantes que tem na ilha são dos próprios moradores, uma pequena vila de caiçaras preservada no estado de São Paulo. Abriga também uma das maiores faixas de mangue do mundo, que vai de iguape-SP até Paranagua-PR. A circulação de veículos automotores é proibida, para se locomover só através de barco, a pé ou no meu caso de bicicleta.

Após o almoço foi o momento de despedidas e seguir meu caminho para Superagui. O motorista do barco informou que seria em torno de 16km até o pontal do leste, divisa de São Paulo com o Paraná, fiquei mais tranquila pq não queria fazer esse trajeto a noite, como a distância seria curta, não teria com o que se preocupar. Chegando no pontal os próprios moradores fazem o trajeto, um trecho curto, em torno de uns 10min até Superagui. Ao colocar os pés no Paraná soltei um ufa!! Cheguei, agora só procurar a pousada, tomar um banho quente e se preparar para o dia seguinte. Mas, tinha alguma coisa errada, tudo estava certo demais, nenhum perrengue.... Tinha que acontecer alguma coisa. Aconteceu. Nos primeiros 5km andando em Superagui estava tranquila, até que se transformou em 10, 15, 20km sem ver ninguém, nenhuma construção, nenhum morador, somente a companhia de pássaros e caranguejos. As 16:30 comecei a me preocupar com o por do sol e me repreender mentalmente por não ter levado a barraca, se escurecesse eu teria que encontrar algum local para passar a noite e seria uma noite desprotegida :/ Aí encontrei rastros de bicicleta na areia, indo ou voltando não sei mas, sabia que ia dar em algum lugar, então vamos seguir. Ao andar mais uns 10km e já na escuridão avistei as primeiras luzes, primeiro de alguns barcos em alto mar, depois em terra firme, cansada, com fome e sem vontade nenhuma de desistir, sim, aqui eu só queria seguir em frente, em nenhum momento passou pela cabeça a possibilidade de retornar, só seguir em frente. Quando achei que estava me aproximando o que eu encontro na frente? Um rio, sério rsrs. Uma parada para refletir, tentar sinal de celular para entrar em contato com a pousada e pegar a lanterna no alforje. Quando uma viagem está fadada a dar errado, não existe boa vontade, perseverança que resolva e não era o caso da minha. Quando o medo começou a bater, eis que passa por mim um senhor, sim, no meio do nada e de lugar nenhum, um senhor de bicicleta indo na mesma direção que eu deveria ir senão fosse o rio. Ele me indicou onde pisar por causa da correnteza e me acompanhou até a vila, uns 20min depois já estava dentro da Vila de Superagui. Aí foi encontrar a pousada, lavar a bike, minha companheira guerreira receber os cuidados antes de mim, um banho, comer e cama.

Minha vontade para essa viagem era de construir historias mas, percebi que minhas histórias são as histórias das pessoas que passam pelo caminho. Seja a do dono do hostel que sonha em sair pela estrada com sua kombi; do casal alemão que mesmo não falando uma palavra de português está conhecendo o Brasil; do casal paulista que após criar duas filhas e agora aposentados está curtindo a vida viajando, da Ilha do Cardoso seguiriam para Morretes e depois para a Argentina de carro ou até onde o dinheiro desse; de um simples morador caiçara, onde a alegria é de contar histórias de como ajudou as pessoas (agora eu estarei presente nessas histórias tbm rsrs).

Tecendo caminhos e seguindo em frente, sempre.... O destino agora é Ilha do Mel.


Gastos:

  • Transporte

> Ônibus de São Paulo x Cananéia: R$ 50,00 > Travessia de barco Cananéia x Ilha do Cardoso: R$ 70,00 > Travessia Ilha do Cardoso x Superagui: R$ 10,00


  • Hospedagem

> Cananéia: Casa Verde Hostel e Camping R$ 40,00 (com café da manhã) > Superagui: Pousada Nativos R$50,00 (com café da manhã)


PS: Só tem uma horário de ônibus de São Paulo para Cananéia, sai as 14:30 da Barra Funda e chega por volta das 19:30, é arriscado atravessar a noite para Marujá e difícil encontrar um barqueiro que faça esse trajeto nesse horário, a melhor opção é passar a noite em Cananéia.

Pela balsa da Dersa é mais barato a travessia mas, não é todos os dias e horários que funciona.



Saída de Cananeia para a Ilha do Cardoso


Ilha do Cardoso






































Um dos poucos meios de locomoção em Superagui.


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